Algumas pessoas não gostam nem de passar perto de cemitérios. Não é o que acontece com os arqueólogos! Na verdade, eles ficam muito contentes quando encontram uma sepultura antiga. Isso porque pode-se aprender muito com elas.
À semelhança do que acontece hoje, a maioria dos povos da antiguidade acreditava que a vida continuava depois da morte. Por essa razão, os mortos eram sepultados com objetos que, supostamente, poderiam ser úteis na vida futura. Nutria-se, também, grande respeito pelos mortos. Por isso, as sepulturas eram consideradas invioláveis.
Muito cedo na história, surgiram ladrões especializados em saquear sepulturas, porque sabiam que nelas podiam encontrar pequenos e grandes tesouros. Nas escavações arqueológicas, é comum encontrar sepulturas remexidas, vazias, saqueadas. Contudo, ocasionalmente, para alegria dos arqueólogos, encontram-se sepulturas intocadas, com os restos mortais e todos os objetos na exata posição em que foram enterrados, milênios atrás. Nas ruínas de Israel, por exemplo, encontram-se milhares de vasos inteiros, em perfeito estado de conservação.
Às vezes, tesouros de valor incalculável são achados. Em 1922, o arqueólogo inglês Howard Carter encontrou a sepultura do faraó Tutankhamon, do mesmo jeito em que foi fechada há quase 3.500 anos! Ela estava repleta de fantásticos tesouros! Quem visita o museu do Cairo pode ver de perto o que os olhos fascinados de Carter viram ao entrar no túmulo do rei egípcio: sua múmia, sarcófagos, móveis, tronos, camas, carruagens, cetros, armas, jóias, tudo coberto de ouro.
Em 1974, outro achado surpreendente foi feito por agricultores. Ao cavar um poço, eles encontraram a sepultura do imperador chinês Qin Shi Huang, com suas milhares de estátuas, em tamanho natural, de soldados, cavalos e vários outros animais, enterrados há mais de dois mil anos.
Uma outra descoberta fantástica veio à luz. Desta vez, muito provavelmente, graças aos ladrões de cemitério! Em 2002, André Lemaire, arqueólogo da Universidade de Sorbonne, visitando uma loja de antiguidades em Israel, encontrou uma urna funerária de origem desconhecida. Para sua enorme surpresa, a urna trazia a inscrição, em hebraico antigo: "Tiago, filho de José, irmão de Jesus".
O Evangelho de Mateus registra a seguinte referência a Jesus: "Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria e Seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?" (Mt 13.55; Mc 6.3). Além de irmão, Tiago era também um dos apóstolos. Paulo refere-se a ele nos seguintes termos: "Não vi outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor" (Gl 1.19).
Cientistas ainda estão estudando esse achado, submetendo-o a análises e testes diversos. Mas muitos já estão convencidos de que a urna é genuína e pode mesmo ter sido usada para guardar os restos mortais do apóstolo Tiago, irmão de Jesus. Se isso se confirmar, essa será a mais antiga referência a Jesus fora da Bíblia.
Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do curso de Pós-Graduação em Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente (Educriança).
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